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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Culpado

Seria maldade dizer,
Com palavras buscas e ultrapassadas,
Que não é em ti que penso
Quando a tristeza atravessa o pensamento,
Me perco em meus medos,
Um abismo se afigura
E olhos não se querem abrir.
Que a força que me enche,
Que promove espírito e vontade,
Vem de outras memórias,
Guardadas em segredo
E não de teus sorrisos,
Gestos e impulsos,
Belos e complicados de emoções.

Seria pecado mentir,
Dizer que não me encho de luxúria,
De um desejo insuportável
Que me consome e leva ao desespero
Nas suas teias de perfeição e calor,
Nas suas imagens de pele morena e juras de amor.
Com uma simples recordação,
O lembrar de um toque,
De um beijo de adeus,
Arde-me o peito,
Qual inferno,
Inflamado por teu jeito,
O morder dos teus lábios
Esse perfume sedutor tão perfeito.

Seria crime confessar,
Minhas vidências e profecias,
A imaginação que esvoaça
Nas mais longínquas possibilidades
Quando tento saber o amanhã.
Fantasias em que não existem despedidas,
Mergulhos em mares de paixão,
Uma enorme corrente de felicidade.
Histórias que conto a mim próprio
Em que somos um por mais que breves horas,
Onde sou poderoso e senhor do presente,
Em que posso tudo sem ter nada,
Onde o vento sopra de feição
E em que nada mais faço senão amar-te.

André Moreira

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