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sexta-feira, 20 de março de 2015

Devaneios

São poucos
Os momentos,
Devaneios serenos
Em que penso
E não alcanço
O pouco que tenho
E o menos que quero ter.

Fico-me pelo singelo,
Vou aguentando o muito
Enquanto caminho
Para largar o estorvo
Que é tudo isto
Todo este tempo
Com o demais que deixei de querer.

Vejo o pequeno
Com saudade poderosa
Tornar-se enorme,
Fazer-me sofrer,
E o pensamento
Tornar-se verdejante
No doce Outono.

Desejo simplicidade
Um lampejo de mundo
Em que o sol brilhe
A chuva caia
E me molhe,
Me encha o peito
E encha de felicidade.

Peço ao mundo
O sossego almejado
Um tanto severo
Mas pleno
Que é a cumplicidade
Um silêncio partilhado
Um tanto onde apenas dois existem.

Quem dera a paz,
Refúgio longiquo
Onde o vento soprasse
A relva o cortasse
Um canto me chegasse
Sussurros se ouvissem
Um toque se sentisse
O meu coração inchasse
Desejo me consumisse
Não mais me controlasse
Algo te roubasse...

...Nós...

E nada mais se passasse.

André Moreira

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