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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Os Elementos da Serenidade

São ternas as vagas do teu sorriso
Que se quebram nas barras do meu peito.
Moldam a areia e as rochas que o cobrem,
Lapidam o bruto e o sem nexo,
Transformam-no em belo e prodigioso.

São doces as rajadas do teu olhar
Que giram as pás da minha alma.
Sopram as teias e ninhos que a seguram,
Arrancam os pesos ansiosos e inseguros,
Tornam-na num algo livre e sereno.

Ergo-me numa imponente certeza
De ter o que almejo
E o que nunca quis.

Sei-me a voar em nuvens altas
Onde o problemático foi esquecido
E o preocupado já não existe.

Resumo-me ao importante
Que trabalha num coração
Sem nada a contê-lo.

Luto contra as redes
Do que já foi
E que me chama de volta.

Temo o que o tempo trará,
Como ficarei depois de tudo
E o que será de mim depois de nada.

São curiosas as ondas do teu vibrar
Que fazem tremer a estrutura do meu ser.
Arrancam os alicerces que ainda o prendem,
Desmoronam os muros que ergueu
E deixam-no finalmente viver.

André Moreira

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